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Consultoria em Finanças Pessoais: uma escolha óbvia?

Uma das maiores críticas a quem oferece consultoria em finanças pessoais é que as soluções propostas e dicas dadas são muito óbvias.

"Gaste menos do que ganha". Essencialmente, isso é mais ou menos o que resume os conselhos oferecidos.

No entanto, exatamente isso que está errado: Se finanças pessoais é tão óbvio, por que 62,5% dos brasileiros possuem dívidas? Porque as famílias brasileiras comprometem, em média, 29,4% da sua renda mensal com prestações?

A explicação é simples: as soluções apresentadas podem ser básicas e lógicas à primeira vista, mas são difíceis de serem implementadas.

Por quê? Há uma série de motivos. Aqui estão alguns dos mais importantes:

1. A nossa cultura gira em torno do consumismo, com propagandas nos lembrando de todos os nossos receios e desejos. Queremos ser aceitos, amados e desejados. Queremos rir e ser felizes. O marketing explora constantemente esses pontos, nos empurrando para produtos que irão nos ajudar a realizar nossos desejos.

2. O nosso país sempre teve uma história econômica marcada pela instabilidade e pela inflação alta, o que desde os nossos bisavós fez com que aprendêssemos que quase nunca vale a pena guardar dinheiro em bancos ou aplicações financeiras e nos tornássemos imediatistas e compradores de bens materiais. Até duas décadas atrás não era possível olhar para o futuro e prevê-lo. As incertezas eram grandes demais para o esforço de formar uma poupança.

3. A educação financeira pessoal é praticamente inexistente na nossa cultura. Na maioria das vezes, as pessoas saem da escola e até da faculdade sem a menor ideia sobre o que são juros compostos ou como lidar com o salário que vão começar a receber. Todos tem que aprender na marra.

Os pais raramente educam financeiramente os seus filhos. Muitas vezes, isso acontece porque nem eles entendem sobre o assunto e acabam evitando temas relativos a isso.

4. Os seres humanos são criaturas de hábito - e maus hábitos são difíceis de serem superados. Se alguma das armadilhas criadas pelas situações anteriores (1 a 3) prevalecer em um cenário de más práticas financeiras no dia a dia, fica muito difícil mudar esse padrão. Ex: quem aprendeu que janeiro é um mês de viagens, dificilmente irá abandonar esse hábito quando estiver em uma situação financeira delicada.

5. A vida coloca obstáculos inesperados em seu caminho. As pessoas podem, de repente, perder os seus empregos ou adoecer. Bebês podem chegar sem serem planejados, assim como um casamento. Quando isso acontece, as rotinas que até então havíamos trabalhado arduamente para estabelecer são deixadas de lado e nós somos guiados pelo instinto e pela necessidade, o que muitas vezes pode nos levar ao erro.

Por esses e outros motivos, a razão principal para se ter uma consultoria financeira pessoal não é simplesmente para "gastar menos do que ganha". É a ajuda oferecida para as pessoas passarem por esses obstáculos ao longo da vida e ainda assim conseguirem se manter financeiramente controladas, e para que de fato elas consigam gastar menos do que ganham mesmo em períodos de instabilidade.

Procurar por produtos com o menor preço por unidade, por exemplo, pode ser óbvio para você, mas para alguém que nunca pensou sob esse ponto de vista ou não tem nenhuma educação financeira, pode ser uma dica valiosa.

Cancelar o pacote de TV a cabo para economizar pode parecer muito intuitivo, mas para pessoas que sempre tiveram esse entretenimento em casa e tem isso como uma premissa básica para o bem estar, o fato de viver sem pode ser inadmissível.


Existe um milhão de exemplos em que uma ideia pode parecer óbvia para uma pessoa, e ao mesmo tempo não ser para outra. E esse é um outro motivo pelo qual os conselhos relacionados à finanças pessoais não podem ser generalizados e devem ser tratados de forma personalizada, focando naquilo que funciona para cada tipo de pessoa.

Além disso, há a questão da motivação. Algumas pessoas só conseguem melhores resultados se tem ao lado alguém que está passando pela mesma situação ou que os force a tomar decisões melhores. É por isso que personal trainers, nutricionistas e até coaching profissionais têm sempre o seu lugar: eles fornecem a motivação e incentivo necessários para as pessoas se forçarem a atingir as metas que traçaram, mesmo quando elas poderiam estar tentando atingir esses objetivos sozinhas.

Ter um consultor financeiro pessoal pode ser, para alguns, desnecessário ou até vão, mas não para todos. Colocar em prática todas as dicas e conselhos financeiros (que em sua maioria fazem parte do senso comum) é realmente muito mais difícil do que parece - e para alguém que está movimento, cada empurrãozinho na direção certa já é uma grande ajuda.

Adaptação: "Isn't Personal Finance Advice Obvious?", Trent Hamm, The Simple Dollar Blog

Emanuella Xavier - economista, planejadora financeira e sócia da WG Finanças Pessoais

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